A série de apresentações ministradas pelo pianista Miroslav Georgiev contará com um repertório composto por Reynaldo Hahn, Gabriel Fauré e Claude Debussy, músicos que faziam parte do movimento impressionista. Essa vertente artística, surgida no século XIX, teve suas criações de maior destaque na área da pintura, com grandes nomes como Claude Monet e August Renoir, na literatura, misturando-se ao movimento simbolista, com os poetas Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, e na música, com os compositores Claude Debussy e Maurice Ravel.
Os músicos começaram a se inspirar em conceitos da arte impressionista por volta de 1890, na França. Seguindo a influência simbolista, movimento muito relacionado à literatura daquela época, os compositores buscavam descrever imagens, tanto que várias obras receberam nomes relacionados a paisagens, como Reflexos na água, de Debussy.
A música impressionista rege o abandono da música tonal. Isto significa que as composições não seriam mais estruturadas conforme a eleição de uma das doze notas da escala (sete básicas e as restantes semitons). A novidade estava na sustentação a partir de escalas modais, que eram compostas de acordo com recombinações de conjuntos de notas escolhidas. Esta se tornaria a base das melodias impressionistas que, além de tudo, acabariam sendo influenciadas por técnicas orientais, pela música popular européia e por elementos medievais.
O fim do movimento impressionista na música foi marcado com Prelúdio para a tarde de um Fauno, composta por Debussy. Esta obra busca ilustrar um poema do poeta simbolista Stéphane Maallarmé.
Reynaldo Hahn
Nascido em 1875, Caracas, na Venezuela, foi para a França aos três anos. Com onze, foi admitido no Conservatório de Paris e compôs suas primeiras obras com 14. Hahn trabalhou como diretor de orquestra no cassino de Cannes, na Ópera de Paris. Também foi crítico do Fígaro e intérprete de Mozart. Na direção, fez parte do espetáculo Don Giovanni, em Salzburgo. O latino-americano musicista morreu na França, em 1947.
Ao lado, foto de Reynaldo Hahn pelo fotógrafo francês Félix Nadar.
Seu repertório é composto por óperas como Le marchand de Venise, bailados (Lê bal da Béatrice d’este e La fête chez Thérese), além de várias operetas, tais quais a conhecida Ciboulette. Também se encontram composições de músicas de cenas, comédias musicais (para Mozart, de Sacha Guiltry), músicas de câmara, peças para piano e mais outras canções que ele mesmo interpretava ao tocar piano.
Gabriel Urbain Fauré
Francês, nascido em Pamiers, 1845, o artista foi aluno, na escola Niedermever, de Camille Saint-Saëns, quem, posteriormente, tornou-se uma de suas principais influências. Em 1866, Fauré começou a tocar órgão na igreja de Saint-Sauver, em Rennes, para depois ir à igreja Madeleine, em Paris.
Trinta anos após ter sido organista, Fauré foi nomeado professor de composição pelo Conservatório de Paris. Mais tarde, em 1905, tornou-se diretor do Conservatório e permaneceu no cargo por quinze anos. Durante essa época, foi professor de Ravel, Aubert, Koechlin, Dukas e Schmitt. Ao lado, retrato de Gabriel Fauré pelo pintor italiano John Singer Sargent.
Foi com Debussy e um de seus alunos, Ravel, que Fauré dominou as técnicas modernas da música francesa. Exímio compositor de música de câmara e bastante exigente quanto à forma, Fauré conseguiu reunir as novidades em seus trabalhos e fez surgir melodias amplas e flexíveis.
Em lieder (forma poética que aborda temas pastorais), o músico francês ressaltou o intimismo e o recolhimento, a discrição e a serenidade. Nessas obras, Fauré deu maior preferência, realmente, à música de câmara e gêneros banidos pelos operistas. Destacam-se os ciclos A boa canção (1891-1892), em que se destacam nove melodias inspiradas em obras de Paul Verlaine, Canção de Eva (1907-1910) e O jardim fechado (1915-1918), em que se encontram versos de Charles van Lerbeghe.
No formato de missa, seu maior trabalho foi no Réquiem Op. 48. Diferente de outras obras do gênero, Fauré quis pacificar o dies irae e amansou o in paradisum. Na música de câmara, gênero de destaque do compositor, compôs dois quintetos para piano e duas sonatas para piano e violino, além de duas sonatas para piano e violoncelo.
Ouça a música Pièce for Oboe and Harp, composta por Gabriel Fauré. Arranjos para fagote, tocado por Kathleen Walsh, e piano, por Amy Crane.
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O violinista Winston Ramalho e o pianista Paulo Gori fazem concerto no dia 21/6, com três Sonatas francesas para violino e piano, com obras de Fauré, Debussy e Ravel.
Saiba mais…
originalmente publicado em: http://www.centrocultural.sp.gov.br/saiba_mais/musicaclassica_impressionismofrances_2009_06-04.asp