domingo, 3 de março de 2013

PABLO PICASSO


Picasso e a África

Pablo Picasso (1881-1973), mesmo nunca tendo ido a África, produzia obras com máscaras e estátuas que ele tinha com ele enquanto trabalhava. Picasso dizia que o "vírus" da arte africana o tinha contagiado.
Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, ou simplesmente Pablo Picasso (Málaga25 de outubro de 1881 — Mougins8 de abril de 1973), foi um pintorescultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido a poesia.
Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do século XX. É considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas e cerâmica, usando, enfim, todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como sendo o co-fundador do Cubismo, junto com Georges Braque.
Nasceu na cidade de Málaga, em Andaluzia, região da Espanha, e recebeu o nome completo de Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, filho de María Picasso y López e José Ruiz Blasco.

Guernica






Uma das obras mais conhecidas de Picasso é o mural Guernica, em exposição no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid. Retrata, da maneira muito peculiar do artista, a cidade basca de Guernica, após bombardeio pelos aviões da Luftwaffe de Adolf Hitler. Esta grande tela incorpora para muitos a desumanidade, brutalidade e desesperança da guerra.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso continuou vivendo em Paris durante a ocupação alemã. Tendo fama de simpatizante comunista, era alvo de controles frequentes pelos alemães. Durante uma revista do seu apartamento parisiense, um oficial nazista observou uma fotografia do mural Guernica na parede e, apontando para a imagem, perguntou: Foi você quem fez isso? E Picasso respondeu, após um segundo de reflexão: Não, vocês o fizeram.


 
 Les demoiselles d'Avignon é um dos mais famosos quadros do pintor espanhol Pablo Picasso. Pintada em 1907, a óleo sobre tela, este quadro encontra-se exposta no MoMA, em Nova Iorque, e esteve, em 2005, exposta no Museu Sakıp Sabancı, na cidade de Istambul, na Turquia. É considerado um quadro pré-cubista[quem?], ou o marco do início do cubismo, porém evidenciando também o impacto da arte africana sobre Picasso e a importância desta para a própria caracterização do cubismo.
Na época em que pintou este quadro, Picasso tinha completa noção de que este era o quadro mais importante que havia pintado até então. Para a obra definitiva Picasso passou meses a fazer esboços e, durante o trabalho, fez inúmeras modificações.
Esta obra representa, para além de uma obra-prima do cubismo mundial, a violação de todas as tradições e convenções visuais naturalistas ocidentais, ao apresentar cinco aleivosas (prostitutas), representadas de forma cubista, como se nota na mulher nua sentada à direita, vista simultaneamente de frente e de costas. Os rostos das personagens refletem o início do "Período Negro" na obra de Pablo Picasso, quando este sofre uma forte influência da primitivismo assemelhando-se a máscaras e esculturas africanas [1].
A estética geométrica e visual delimitou contornos quanto ao futuro do cubismo.


 


Obra e períodos


Retrato de Picasso, de Amedeo Modigliani, c. 1915.
A obra de Picasso é muitas vezes classificada em períodos: Azul (1901–1904), Rosa (1905–1907), Africano (1908–1909), Cubismo Analítico (1909–1912) e Cubismo Sintético (1912–1919).
Antes de 1901
Seus primeiros trabalhos estão no Museu Picasso em Barcelona. Principais obras do período:
  • A Primeira Comunhão (1896), uma grande composição que mostra sua irmã, Lola.
  • Retrato da Tia Pepa


Período Azul
Consiste em obras sombrias em tons de azul e verde azulado, ocasionalmente usando outras cores. Desenhava prostitutas e mendigos e sua influência veio de viagens pela Espanha e do suicídio de seu amigo Carlos Casagemas. Ele pintou vários retratos de seu amigo, culminando com a pintura obscuramente alegórica de La Vie. O mesmo tom está na água-forte The Frugal Repast, que mostra um cego e uma mulher perspicaz, ambos emagrecidos, sentados perto de uma mesa vazia. A cegueira é um tema recorrente no período e está também em The Blindman's Meal e no retrato Celestina. Outros temas frequentes são artistas, acrobatas e arlequins. O arlequim se tornou um símbolo pessoal para Picasso.
Período Rosa
O Período Rosa (1905–1907) é caracterizado por um estilo mais alegre com as cores rosa e laranja, e novamente com muitos arlequins. Muitas das pinturas são influenciadas por Fernande Olivier, sua modelo e seu amor na época.






Período Africano
O Período Africano de Picasso (1907–1909) começou com duas figuras inspiradas na África em seu quadro Les Demoiselles d'Avignon. Ideias deste período levaram ao posterior Cubismo.





Cubismo analítico
É um estilo de pintura (1909–1912) que Picasso desenvolveu com Braque usando cores marrons monocromáticas. Eles pegaram objetos e os analisaram em suas formas. A pinturas de Picasso e Braque eram muito semelhantes nesse período.










Cubismo sintético
É um desenvolvimento posterior (1912–1919) do Cubismo no qual fragmentos de papel (papel de parede ou jornais) eram colados em composições, marcado o primeiro uso da colagem nas artes plásticas.
Classicismo e surrealismo
No período seguinte ao caos da Primeira Guerra Mundial, Picasso produziu obras em um estilo neoclássico. Este "retorno à ordem" é evidente no trabalho de vários artistas europeus na década de 20, incluindo Derain, Giorgio de Chirico, e os artistas do New Objectivity Movement. As pinturas e textos de Picasso deste período frequentemente citam o trabalho de Ingres.
Durante os anos 30, o minotauro substituiu o arlequim como motivação que ele usou em seu trabalho. Seu uso do minotauro veio parcialmente de seu contato com os surrealistas, que normalmente o usavam como símbolo, e aparece em Guernica.
Possivelmente o trabalho mais importante de Picasso é sua visão do bombardeio alemão em Guernica, Espanha — Guernica. Esta pintura representa para muitos a brutalidade e desesperança da guerra. Guernica esteve em exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York por vários anos. Em 1981, Guernica voltou para a Espanha e foi exibida no Casón del Buen Retiro. Em 1992, a pintura ficou em exposição no Museu de Reina Sofia em Madri quando ele abriu.

[editar]A poesia

Praticamente desconhecido do público é o fato de que Picasso escreveu poesia. Alguns de seus poemas foram recolhidos em antologias de poemas surrealistas.
Em 1961, na Espanha, foi publicado um livro (Trozo de Piel) contendo alguns poemas de Picasso, descobertos pelo Prêmio Nobel da Literatura Camilo José Cela. Considera-se que estes poemas têm algo de expressionistas.
Uma edição completa das suas obras poéticas foi publicada pela editora Gallimard em 1979, na França. Na obra póstuma, nomeada "Picasso. Écrits", Michael Leiris, poeta surrealista amigo de Picasso, pertencente ao grupo de Surrealistas para quem o artista espanhol costumava ler seus poemas, aponta para o Picasso poeta que dá livre curso ao inconsciente, representando "não coisas da ordem do que se passa realmente, mas coisas que lhe passam pela cabeça" [7]. Por volta de 1935, o pintor realmente estava entusiasmado com a escrita, praticando uma poesia próxima do Surrealismo.
Em 2006, o pesquisador Rafael Inglada, considerado um dos principais estudiosos da vida e obra de Picasso, reuniu 39 poemas escritos pelo artista entre 1894 e 1968, com o título "Textos espanhóis". O título se deve ao fato de que, mesmo quando escritos em francês, os motivos (touros, gastronomia, hábitos e costumes) do autor têm sempre referências predominantente espanholas. Para o pesquisador, é no Picasso poeta que aparece "o Picasso claramente espanhol, andaluz e malaguenho"[8].
Em 2008, foram publicados mais de 100 poemas em prosa do autor, na Espanha, descobertos apenas em 1989. Apresentando a diversidade que caracteriza a sua obra plástica, os textos se aproximam do estilo da colagem picassiana, sem estrutura lógico-formal, compostos de "jogos de palavras, simbolismos e descrições visuais... delirantes e descabeladas".

Outros artistas modernos e a arte africana

Além de Pablo Picasso (1881-1973), diversos outros artistas ocidentais do século XX também assimilaram criativamente a influência da arte africana, permitindo que ela renovasse seus próprios meios de expressão. Um desses artistas foi Henri Matisse. Conforme registra José D'Assunção Barros em um artigo sobre As influências da Arte Africana na Arte Moderna, o diálogo com as variadas formas africanas de expressar e representar o mundo e as expectativas sobrenaturais aparece bastante em uma parte relevante da produção matissiana, que se desenvolve paralelamente àquela pintura que o celebrizou, e que se caracteriza essencialmente pelas cores fortes e puras. O autor se refere, neste caso, à escultura de Matisse, que nem sempre é tão lembrada como sua arte pictórica, mas que ocupa certamente um lugar singular na história da arte ocidental. A escultura matissiana é especialmente inspirada na estatuária africana – particularmente a partir de algumas peças que o artista francês adquirira em 1906 – e revela-se aí um dos gêneros através dos quais as diversas formas de expressão africanas puderam penetrar mais decisivamente na arte moderna, além daquele outro gênero que incidiu mais diretamente sobre a pintura cubista de Pablo Picasso, e que foi a arte das máscaras ritualísticas.

Um comentário:

Prof. Pedro Rebello disse...

Algo que é interessante refletir sobre as vanguardas é a sua relação com a linguagem, pois dela surge a proposição central de basicamente todos os vanguardistas.
Até o final do século XIX, predominava a visão instrumental da linguagem, isto é, a idéia de que a língua é um instrumento de interpretação da realidade. Assim, qualquer forma de expressão não passava de representação do real, logo, limitada pela capacidade perceptiva do indivíduo e pelos limites da linguagem representativa.
No princípio do século XX, começam as primeiras discussões acerca do tema e em 1910 Vicente Huidobro, poeta chileno, publica o Manifesto Criacionista, no qual propõe a destruição completa da linguagem instrumental(representativa) e a utilização da linguagem como uma força da natureza. Isto é, o artista não deveria copiar a natureza e reproduzi-la, mas sim copiar a CAPACIDADE da natureza em criar...sendo assim, a criação artística deveria ser uma criação completamente nova e não representativa. Logo, o fazer artístico passa a ser, de fato, CRIAÇÃO de um novo universo.
A partir daí, vão surgindo as outras vanguardas, cada uma com sua proposição, mas sempre atreladas à criação e à destruição da linguagem representativa.
Naturalmente, algumas vanguardas posteriores entram em choque com essa ideologia, como o surrealismo(Vicente Huidobro era crítico ferrenho do surrealismo, pois este se propunha a representar o mundo onírico, e segundo o poeta chileno, ainda que se representassem sonhos, a linguagem continuava submetida à lógica instrumental).
No entanto,podemos ver no cubismo e em Picasso, claramente, a busca por uma expressão que ultrapasse os limites do "real". Ao observar as representações africanas, observa-se que há um distanciamento quanto à necessidade de exatidão, mas sim um foco no que se considera essencial...assim vemos olhos grandes, sexos desproporcionais e mesmo um desinteresse em qualquer idéia de proporções físicas, desde que a idéia essencial se apresente na figura. A desconstrução cubista perpassa pela destruição da linguagem representativa e propõe a criação de um universo afeito ao essencial, geometrizado e geralmente colorido,aliás, cores que nada tem a ver com a física, mas sim com as emoções expressas.
Picasso é, em suas obras, uma VIS NATURALIS, criando um universo, recriando a realidade e nos fazendo pensar sobre a nossa própria...afinal..."Guernica" é uma representação horrenda ou uma criação do gênio?